No Rio
Grande do Norte, a criação do Sindicato dos Médicos se deu em pleno período de
exceção, durante a dita dura militar, página esta que merece estar jogada na
lata do lixo da história. As exigências para a organização da categoria obedeciam
a regras draconianas
Em maio
de 1977, um grupo de médicos /preocupados com o resultado do concurso público
do Ministério da Previdência a Assistência Social – MPAS, procurou discutir
formas de organização da categoria para enfrentar futuros problemas. Fundou-se primeiro, conforme a lei vigente, a Associação
Profissional dos Médicos do Rio Grande do Norte, entidade considerada
pré-sindical, para funcionar durante dois anos, findos os quais poderíamos
solicitar a nossa Carta Sindical. O psiquiatra e comunista Hermano Paiva foi
figura importante neste primeiro momento. Era presidente da Associação e,
cumprindo os trâmites legais, solicitou a tal Carta Sindical, negada pela
burocracia do regime militar. Tendo que se afastar da entidade para concorrer a
mandato eleitoral, assumiu o então vice-presidente, dr. JOSÉ DÁCIO RODRIGUES DE
CARVALHO, que desenvolveu os trâmites legais para transformar a nossa Associação
em entidade sindical
Se não
bastassem os entraves burocráticos, criados pelo regime ditatorial com a finalidade
de dificultar a organização dos trabalhadores, os fundadores do sindicato tiveram
que suplantar a desconfiança da categoria médica. Não a desconfiança dos colegas
batalhadores. A questão é que sendo os médicos geralmente provenientes de meios
conservadores, não viam com bons olhos essa “inovação”. Os médicos sempre foram
colocados dentro da categoria de “profissional liberal”, e foi duro aceitar que
a realidade, ou seja, que as relações de trabalho estavam mudando. Até hoje
ainda tem médico cego e surdo para a realidade de que somos hoje trabalhadores
assalariados e como tal necessitamos estar organizados para fazer valer a nossa
força de trabalho e permitir um equilíbrio mais justo com o capita
A
primeira diretoria da Associação Profissional dos Médicos estava assim constituída:
Presidente – dr. Hermano Paiva Oliveira; Vice-presidente – dr. José Dácio
Rodrigues de Carvalho; Secretário – dr. Washington Faelante Leite e na Tesouraria,
a também psiquiatra dra. Aleta Fernandes Andrade da Silva. A estes profissionais
o reconhecimento histórico de uma luta na qual se necessitava coragem e desprendimento,
em função do status quo vigente. Não se
pode escrever a historia do sindicalismo potiguar sem fazer referência a esses colegas
e outros não menos importantes na luta sindical.
Nosso
sindicato foi reconhecido como tal pelo Ministério do Trabalho em 09 de novembro
de 1982, através do processo de número 3000728/81. A partir daí, se dá início a
formulação de um estatuto próprio e a formação e composição de uma diretoria
provisória
A
primeira eleição para diretoria do Sindicato dos Médicos do Estado do Rio Grande
do Norte ocorreu no dia 08 de abril de 1983, portanto há exatos 23 anos e tomou
posse no dia 12 de maio de 1983. Estava assim constituída: Presidente –
dr.Paulo de Medeiros Rocha; primeiro Vice –presidente – dr. Djacir Dantas
Pereira de Macedo; segundo vice-presidente – dr.Sérvulo Antonio de H. Godeiro;
primeiro Secretário – dr. Luiz Gonzaga da Silva; segundo Secretário – dr.
Cipriano Maia deVasconcelos; primeiro Tesoureiro – dr.Manoel Batista de Araújo;
segundo Tesoureiro – dr. José Alírio Freire. Estadiretoria dirigiu a entidade
no período de 05 de maio de 1983 a 05 de maio de 1986,garantindo a legitimidade
da instituição e o seu reconhecimento junto aos profissio- nais. Ficando com
sua sede provisória na Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio Grande do Norte,
e, em seguida, mudando-se para u
A partir
de então o sindicato foi se consolidando e se estruturando de modo melhor,
criou-se representações sindicais em Mossoró e Caicó e, posteriormente,para
outras regiões do Estado.Não podemos, neste espaço, citar todas as pessoas que
foram importantes na história do sindicato. Mas, por dever de justiça, pelo que
fez na Terra, pela nossa entidade e considerando a sua passagem para o Oriente
Eterno, registro aqui o nome do dr. Manoel Batista de Araújo, marca indelével
na memória sindical do Rio Grande do Norte. Este paraibano,casado com uma
médica potiguar, a dra. Maria Lucia Fernandes Araújo, dedicou grande parte de
sua vida à luta pelo interesse da coletividade médica de nosso Estado. A
sociedade potiguar ainda não prestou a devida homenagem a este bravo profissional.
Sugiro seu nome para um posto de saúde, rua ou outra forma de justa reverência
FONTE
INTERNET